Sunday, October 09, 2005

2002 - Por que o passado? Quem esteve lá...

Ao fim de várias vidas, era quando começava sua vida. E ela foi largada. Menino delicado, pacto de amor, unha e carne, vestimos camisetas iguais. Uau. Vamos furar os dedos e colocar uma luva em nossas mãos. Quando ela voltou para casa, percebeu que não teria mais aqueles momentos que tanto amava. Foi o deslocamento da massa polar. Verão chegando e os corpos começando a suar. Fomos jogados no jogo invisível do movimento ritmado da natureza. Talvez Deus, talvez destino, escolha a sua opção, pense em suas crenças.

E o menino....ai ai, como adorava aquele menino.... Mais uma encarnação que se fora, agora era o início de tudo novamente. Não acredita em ponto zero. O zero, enfim, o ponto de largada, era apenas a continuação de um sistema de numeração invisível. Talvez começasse finalmente a entender a Matemática, tão falada na escola, aquela que achava tão distante de sua verdadeira vocação.

Os números agora diziam tudo, mais do que qualquer falatório dos poetas, dos cantores de rock I wanna be your dog, das cartomantes yeah-yeah-yeahs, estrela-guia. Nova vida, esqueça o passado, tudo é aprendizado. Nem Cleópatra, nem senhores feudais. A nova encarnação tinha que ser inventada agora.

Lembrou-se do primeiro amante. Do segundo amante e de todos os que vieram depois. E pensou em outros nomes, da fase atual, em que o termo "amante" perdia sentido. O mais recente (namorado?) ainda estava naquela zona quase fantasmagórica, do não mais presente, o confuso futuro passado. Chegara em casa, e o menino era outro. Não mais aquele que a fazia gritar, agora apertos de mão, vamos nos falar. Mesmo nome, mesmo rosto, mas outro. Que ia demorar para conhecer.

E por um momento desanimou. Cansaço de fazer tudo de novo, o recomeço. De novo o parto. De novo, jogada no meio de uma confusão, de novo sem entender nada. Mãos estranhas, me leve de novo lá para dentro. O meu mundinho é tudo, me traz meu menino de volta. O roteiro: choro, agora seco, menos visível, mas acompanhado da sabedoria dos prazeres (ô saudade....) e dos sentidos embolados.

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