Thursday, January 19, 2006

O Encontro



Quando eu te vi pela primeira vez, você caminhava por uma cidade tomada por luzes que brilhavam. Apenas alguns tons te interessavam. Às vezes no claro, às vezes no escuro, continuei cambaleando, invisível, entre diferentes tons, e preferi olhar você de longe, no início. Ainda perdido e tímido, entre os descaminhos da minha antiga vida. Tentando adivinhar aquilo que não se prevê, imaginando rostos que ainda não existiam. E o passar dos dias: conhecer amigos imaginários, amar amores. Queria para uma vida inteira, eu e você dirigindo bravamente nosso carro-submarino em meio à inundação. Eu tinha surtos de deus criador, pretensão dos diabos, domar aquilo que não se cavalga. Por pouco não nos esbarrávamos, por menos ainda não nos esbarramos e por pouco não me tornei cinza novamente. Mas um dia duas luzes se acenderam e conseguimos nos enxergar. Não mais cegos pela luz incessante, não mais perdidos numa sala escura. E então nós dois ouvimos um som gostoso, coceira das boas nos ouvidos. "Oi", era o que ouvíamos. E uma festa em nossas mentes estava prestes a começar.