
Esperei tanto por você e não me incomodei quando, enfim, você não apareceu. Apenas tentando deslizar suavemente, já que parecia tão fácil, eu apenas ia imitando e tentando fazer igual, mas você nunca mais. Passou tanto tempo, e já não me lembrava se eu era uma pessoa caída que às vezes se levantava ou se ficar de pé era meu estado natural, e a queda, apenas ocasional. Tudo estava agradável agora. Tudo já era conhecido. Alegria generosa. Tranquilo, sem dor. Tentar imitar, não é sempre assim? Os primeiros passos, a primeira escrita. Só tenho dúvidas em relação ao primeiro som. Quer dizer, o primeiro som aqui, do lado de fora, o berreiro. Quem é que estamos imitando então? É um instinto tão primeiro, tão primitivo, que já vem gravado dentro da gente? Programados? Quando enfim você chegou, eu não sabia se era você. Mas isso é o que menos importava. Quis abrir o berreiro, lembrar os velhos tempos. Não conseguia mais lembrar seu rosto, uma vaga lembrança do seu cheiro. Eu também tinha algo para te contar, mas não fazia mais a vaga noção do que eu queria tanto te contar. Talvez amor.
4 comments:
Nossa bruno, muito bom cara....
Um abraço ..
jã matane... Bruno
vc escreve de um jeito muito suave, sabia? gosto bastante...
ah, e do murakami, o que achou?
obrigado, gabi!
valeu, simone! adorei o sputnik; tem mais livro dele lançado aqui? é aparentemente tão simples, mas tão rico!
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