Saturday, June 16, 2007

Sweet little girl, I wanna be your boyfriend


No dia 16 de junho de 2007 eu estava completando 25 anos. Lembro que era um sábado e que, na noite anterior, decidi ficar acordada para celebrar sozinha o meu aniversário. Minha mãe me dizia que eu tinha nascido às 6h45 da manhã. Geralmente eu não ficava acordada nesse horário.

Tava numa fase chata. Não gostava mais de varar a noite dançando e chegar em casa com o dia claro. Você acredita em maturidade emocional aos 25? Eu acredito em lendas. Nas últimas vezes que eu tinha chegado em casa com o Sol batendo na minha cara, queria só cortar os pulsos. Chegar em casa, de dia. E o sábado, o domingo, ficavam todos estranhos depois de trocar o dia pela noite. Ressaca moral, sabe? Eu era cheia da moral.

Mas queria um ano diferente. Os 24 não foram legais. Foi um ano parado. Não que as coisas tivessem dado errado. As coisas simplesmente não aconteceram. Então, eu achava que, se começasse aquele ano desde o primeiro segundo acordada, bem acordada, sóbria, e cheia de pensamentos de coisas boas, quem sabe um pouco de moral, Papai Noel, e uma lista com planos do tipo plantar uma árvore, apagar a luz dos ambientes em que eu não estivesse, desligar a torneira enquanto escovasse os dentes e rezar pelas baleias, quem sabe alguma coisa mudaria.

Então, naquela sexta-feira, saí às ruas numa noite quente de outono, eu e um monte de gente toda excitada com aquele calorzinho que vinha depois de dias frios, e uma brisa que arrepiava e deixava todo mundo com vontade de fazer coisas que a dona moral diria que não eram muito bonitinhas, como se o mundo fosse acabar amanhã.

Otimista e poliana, eu sabia que a hecatombe final não aconteceria no dia seguinte, o amanhã era meu aniversário de 25 anos, e isso era tudo para mim, então eu estava bem tranqüila, e andei, andei, andei, e fiquei olhando as pessoas arrepiadas e excitadas nas ruas, e eu só pensava nas 6h45 da manhã que chegaria, o momento exato que, anos antes, eu estava nascendo.


E pensei nas minhas músicas prediletas enquanto eu não nascia, e até cheguei a cantar em voz alta, porque ninguém estava ligando mesmo para meu nascimento. Cantei e dancei. E esperei.


E não teve erro. Naquela madrugada de friozinhos na espinha, eu sabia que não ficaria deprimida com os primeiros raios de Sol. E sempre que o frio avançasse, eu poderia voltar para casa e tomar uma caneca de leite com café bem quente de manhã. Naquele fim de semana, eu não tinha hora para acordar.

1 comment:

Anonymous said...

Well written article.