Wednesday, August 22, 2007

Vem, vamos dançar



Atolados no sofá, num final de semana de tantas opções e nenhuma escolha, eles resolveram ficar em casa mais uma vez. Sem festas, sem jantar na casa de amigos, sem passeios no parque. Ficariam apenas os dois.

Sem sexo.

Antes, era a cada cinco minutos. Naqueles tempos, deixavam uma garrafa de água ao lado da cama, para não desperdiçarem nenhum instante.

A televisão, dona do lar, agora gemia pelos dois. Naquele sábado à noite, eles vislumbraram uma inusitada esperança. Estava lá, aquele mesmo filme que viram juntos há tantos anos, logo no começo, dos dias da água abundante.

Izumi podia jurar que era, de fato, o primeiro filme deles. Durante um tempo, foi “o” filme, mas apenas por um tempo, porque logo depois esse tipo de intimidade e cumplicidade não dizia mais nada para os dois. Tinoko até se levantou, ergueu as costas e sentou ao lado dela. Mas não chegou a pegar em sua mão.

Juntos, iam mais uma vez ver o filme. E, naquela antiga lembrança, os dois novamente tinham um pensamento em comum. Esperavam sentir de novo, apenas mais uma vez antes do fim, aquela inspiração que tanto ajudou para que eles se unissem. Daqueles filmes que lhes davam vontade de sair do cinema correndo para, eles mesmos, entrarem numa trama.

Mas, enquanto a ação se desenrolava, Izumi e Tinoko ficaram impassíveis, ela com sua meia rasgada, ele com sua calça encardida. Não conseguiram ver nada na pequena tela, a não ser aquela outra história que eles já estavam cansados de assistir. E repararam que aquele filme não era tão bom assim.

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